quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A Influência do calor no trabalho


O calor excessivo pode ser considerado como um inimigo no nosso trabalho. Ele influi diretamente no nosso desempenho, fazendo com que o cansaço apareça precocemente, deixando-nos muito das vezes até irritados.

Nosso organismo tem mecanismos de defesa contra o calor que são mecanismos termorreguladores. Eles fazem com que a pessoa comece a suar. A pele mantendo-se molhada pelo suor faz com que as pessoas sintam a sensação de frescor.

O ambiente térmico pode ser descrito por meio de quatro parâmetros:
Temperatura, umidade, movimentação do ar e o calor radiante, podendo ser natural (sol) ou artificial (forno). As medições destes fatores ambientais servem para avaliar se um indivíduo está próximo ou não de sua capacidade de resistência.

Estas avaliações são realizadas pelos técnicos e o resultado é comparado com dados previstos na legislação. A condição homeotérmica (mesma temperatura) do corpo humano possibilita através de mecanismos fisiológicos a manutenção da temperatura interna ideal mesmo diante de agressões ambientais que variam de 50 graus negativos a 100 graus Celsius quando devidamente protegidos. Sem proteção essa variação é de 10 graus a 60 graus Celsius.

A principal forma de proteção ao calor, como já dito é através do suor. Outro mecanismo é a evaporação do próprio suor, pelas vias respiratórias e pelas vias urinárias. Portanto a perda de água e sais minerais é intensa em ambientes quentes, sendo necessário à reposição sempre.

O desequilíbrio crônico entre as perdas e a reposição ocasiona os seguintes sintomas: desidratação, cãibras, fadiga prematura, esgotamento, lesões da pele, baixa produtividade, intermação (temperatura do corpo superior a 40 graus C.).

A maneira mais eficaz na minimização dos efeitos do calor sobre nosso organismo é adotar alguns cuidados na exposição contínua, devendo observar as seguintes recomendações:

·         Após algum tempo de trabalho em ambientes com incidência solar ou em ambientes confinados sem ventilação em épocas de muito calor, procurar descansar alguns minutos em locais mais ventilados e frescos.
·         Evite bebidas alcoólicas nas noites que antecedem uma jornada de trabalho em locais quentes. O álcool ingerido faz com que aumente ainda mais a necessidade de ingestão de água já deficiente nestes casos.
·         Procure beber água o suficiente apenas para suprir suas necessidades fisiológicas.
·         Procure ingerir algumas pitadas de sal de cozinha, contudo sem excesso, pois o sal provoca mais sede.
·         Procure ir para o trabalho com roupas limpas. As roupas sujas são menos ventiladas em função do suor, sujeira e outros produtos presentes.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Entendendo as causas do stress


A todo instante estamos fazendo atividades de adaptação, ou seja, tentativas de nos ajustarmos às mais variadas exigências, seja do ambiente externo, seja do mundo interno, atingindo este vasto mundo de idéias, sentimentos, desejos, expectativas, sonhos, imagens, que cada um tem dentro de si.

Selye demonstrou, em trabalhos publicados a partir de 1936, que o organismo quando exposto a um esforço desencadeado por um estímulo percebido como ameaçador à homeostase, seja ele físico, químico, biológico ou mesmo psicossocial, apresenta a tendência de responder de forma uniforme e inespecífica, anatômica e fisiologicamente.

A esse conjunto de reações inespecíficas na qual o organismo participa como um todo, ele chamou de Síndrome Geral de Adaptação. Esta síndrome consiste em três fases: Reação de Alarme, Fase de Resistência e Fase de Exaustão.

Não é necessário que a fase se desenvolva até o final para que haja o estresse e é evidentemente só nas situações mais graves que se atinge a última fase, a de exaustão.

A Reação de Alarme subdivide-se em dois tempos: choque e contrachoque. Parte dessa reação assemelha-se à Reação de Emergência de Cannon. Ele percebeu que quando um animal era submetido a estímulos agudo ameaçadores da homeostase, inclusive medo, raiva, fome e dor, o animal apresentava uma reação em que se preparava para a luta ou fuga. Esta reação caracteriza-se por:

a) aumento da freqüência cardíaca e da pressão arterial, para permitir que o sangue circule mais rapidamente e, portanto, para chegar aos músculos esqueléticos e cérebro mais oxigênio e nutrientes e facilite a mobilidade e o movimento;

b) contração do baço, levando mais glóbulos vermelhos à corrente sanguínea, acarretando mais oxigênio para o organismo particularmente nas áreas estrategicamente favorecidas;

c) o fígado libera glicose armazenada na corrente sanguínea para que seja utilizada como alimento e, conseqüentemente, mais energia para os músculos e cérebro;

d) redistribuição sanguínea, diminuindo o fluxo para a pele e vísceras, aumentando para músculos e cérebro;

e) aumento da freqüência respiratória e dilatação dos brônquios, para que o organismo possa captar e receber mais oxigênio;

f) dilatação pupilar e exoftalmia, isto é, a protuberância do olho para fora do globo ocular, para aumentar a eficiência visual;

g) aumento do número de linfócitos na corrente sanguínea, para reparar possíveis danos aos tecidos por agentes externos agressores.

Tais reações são desencadeadas por descargas adrenérgicas da medula da glândula supra-renal e de noradrenalina em fibras pós-ganglionares do sistema nervoso autônomo simpático Em estudos realizados com seres humanos, Funkestein descobriu que a raiva dirigida para fora estava associada à secreção de noradrenalina, enquanto a depressão e a ansiedade associavam-se a uma secreção de adrenalina.

Paralelamente, é acionado o eixo hipotálamo-hipófise-supra-renal que desencadeia respostas mais lentas e prolongadas e que desempenha um papel crucial na adaptação do organismo ao estresse a que está sendo submetido.

O estímulo agudo provoca a secreção no hipotálamo do hormônio "corticotrophin releasing hormone", que por sua vez determina a liberação de ACTH da adeno-hipófise, além de outros neuro-hormônios e peptídeos cerebrais, como as beta-endorfinas, STH, prolactina etc.

O ACTH desencadeia a síntese e a secreção de glicocorticóides pelo córtex da supra-renal. Estabelece-se então um mecanismo de feedback negativo com os glicocorticóides atuando sobre o eixo hipotálamo-hipofisário.

Estas reações são mediadas pelo sistema diencéfalo-hipofisário, visto que não surgem em animais de experimentação que tiveram a hipófise ou parte do diencéfalo destruídos.

Se os agentes estressantes desaparecerem, tais reações tendem a regredir; no entanto, se o organismo é obrigado a manter seu esforço de adaptação, entra em uma nova fase, que é chamada Fase de Resistência, que se caracteriza basicamente pela reação de hiperatividade córtico-supra-renal, sob mediação diencéfalo-hipofisária, com aumento volumétrico do córtex da supra-renal, atrofia do baço e de estruturas linfáticas, leucocitose, diminuição de eosinófilos e ulcerações.

Se os estímulos estressores continuarem a agir, ou se tornarem crônicos e repetitivos, a resposta basicamente se mantém, mas com duas características: diminuição da amplitude e antecipação das respostas.

Poderá ainda haver falha nos mecanismos de defesa, com desenvolvimento da terceira fase, que é a de Exaustão, com retorno à Fase de Alarme de Cannon, dificuldade na manutenção de mecanismos adaptativos, perda de reserva energética e morte.

As reações de estresse resultam, pois, de esforços de adaptação. No entanto, se a reação ao agressor for muito intensa ou se o agente do estresse for muito potente e/ou prolongado, poderá haver, como conseqüência, doença ou maior predisposição ao desenvolvimento de doenças.

Pois a reação protetora sistêmica desencadeada pelo estresse pode ir além da sua finalidade e dar lugar a efeitos indesejáveis, devido à perda de equilíbrio geral dos tecidos e órgãos e defesa imunológica do organismo. É oportuno lembrarmos mais uma vez Levi (1971): "o ser humano é capaz de adaptar-se ao meio ambiente desfavorável, mas esta adaptação não ocorre impunemente".

O perigo parece ser maior nas situações em que a energia mobilizada pelo estresse psicoemocional não pode ser consumida. Aliás, Seyle nos lembra que as doenças de adaptação são predominantemente conseqüências do excesso de reações de submissão.

As colocações acima podem ser mais facilmente comprovadas nas doenças em que notoriamente há um componente de esforço de adaptação, como, por exemplo, nas úlceras digestivas, nas alterações da pressão arterial, crises hemorroidicas, alterações inflamatórias do aparelho gastrintestinal, alterações metabólicas várias etc.

O estresse pode ser físico, emocional ou misto. O estresse misto é o mais comum, pois o estresse físico (associado a eventos como cirurgias, traumatismos, hemorragias e lesões em geral) compromete também o emocional já que a dor induz a estados emocionais bastante intensos.

O estresse emocional resulta de acontecimentos que afetam o indivíduo psiquicamente ou emocionalmente, sem que haja relação primária com lesões orgânicas. O estresse misto se estabelece quando uma lesão física é acompanhada de comprometimento psíquico (emocional) ou vice-versa.

Öhman, Esteves e Parra (1995) apontam três categorias de acontecimentos estressantes. Na primeira categoria encontram-se aqueles que impõem grandes exigências à capacidade de enfrentamento de uma pessoa e ocorrem com pouca freqüência, como por exemplo, a morte de um ente querido, a perda de um emprego, ser aprisionado etc.

Os pequenos acontecimentos estressantes, chamados de problemas do cotidiano constituem a segunda categoria e acontecem com maior freqüência na vida das pessoas. Na terceira categoria encontram-se os conflitos contínuos da vida: problemas de casais, desemprego prolongado, dificuldade de educar os filhos, etc.

Entretanto, as pessoas diferem quanto à sua forma de reagir aos desafios impostos pela vida. Enquanto algumas são capazes de superar uma perda altamente significativa, outros podem dar início a um transtorno psiquiátrico diante de um acontecimento estressante de menor gravidade. Assim, as variáveis individuais desempenham um papel decisivo na formação de um problema psicopatológico.

Além dos acontecimentos estressantes da vida, Barlow (1993) sugere a existência de uma vulnerabilidade biológica e uma vulnerabilidade psicológica necessárias para a formação de um transtorno de ansiedade.
A vulnerabilidade biológica refere-se a uma tendência herdada a manifestar ansiedade. Algumas pessoas reagem com uma ativação fisiológica maior aos acontecimentos estressantes.

Mas essa resposta fisiológica é pouco específica, não determina por si só, se uma pessoa desenvolverá transtorno de ansiedade ou que tipo de transtorno de ansiedade ou que tipo de transtorno poderá ocorrer.

A vulnerabilidade psicológica corresponde a uma percepção de imprevisibilidade em relação ao mundo, que é aprendida, a partir da relação familiar e das experiências de vida. 

Assim, se uma pessoa possui o componente biológico e desenvolve o componente psicológico, ela estará predisposta a sofrer de um transtorno de ansiedade, a partir do momento em que surgirem os acontecimentos estressantes da vida, os quais funcionam com o estímulo disparador que conduz a um transtorno de ansiedade.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O que são doenças psicossomáticas e no que afetam os colaboradores?


As doenças psicossomáticas surgem como conseqüência de processos psicológicos e mentais do indivíduo desajustados das funções somáticas e viscerais e vice-versa.

Caracterizam-se as possibilidades de distúrbios de função e de lesão nos órgãos do corpo, devido ao mau uso e ao efeito degenerativo, e descontroles dos processos mentais. Diferenciam-se neste ponto das doenças mentais, em que o mau desempenho não é opcional.

Distúrbios emocionais desempenham papel importante, precipitando início, recorrência ou agravamento de sintomas, distinguindo das doenças puramente orgânicas. Porém, elas podem se transformar em doenças crônicas ou tiver com um curso fásico.

Tendem a associar-se com outros distúrbios psicossomáticos. Isso pode ocorrer numa família, em diferentes períodos da vida de um paciente ou em certos ambientes de trabalho e até de lazer.
Mostram grandes diferenças de incidência nos dois sexos. 

Assim, asma é duas vezes mais freqüente nos meninos do que nas meninas, antes da puberdade, depois, é menos comum nos homens do que nas mulheres. A úlcera do duodeno manifesta-se mais em homens, e a doença de Basedow, mais em mulheres.

O CONCEITO DE ESTRESSE

A palavra estresse quer dizer "pressão", "tensão" ou "insistência", portanto estar estressado quer dizer "estar sob pressão" ou "estar sob a ação de estímulo insistente". É importante não confundir estado fásico de estresse com estado de alarme de Cannon, pois há alguns critérios estabelecidos para que se possa assumir que um indivíduo está estressado e não simplesmente com alerta temporária.

Chama-se de estressor qualquer estímulo capaz de provocar o aparecimento de um conjunto de respostas orgânicas, mentais, psicológicas e/ou comportamentais relacionadas com mudanças fisiológicas padrões estereotipadas, que acabam resultando em hiperfunção da glândula supra-renal e do sistema nervoso autônomo simpático.

Essas respostas em princípio têm como objetivo adaptar o indivíduo à nova situação, gerada pelo estímulo estressor, e o conjunto delas, assumindo um tempo considerável, é chamado de estresse. O estado de estresse está então relacionado com a resposta de adaptação.

O estresse é essencialmente um grau de desgaste no corpo e da mente, que pode atingir níveis degenerativos. Impressões de estar nervoso, agitado, neurastênico ou debilitado podem ser percepções de aspectos subjetivos de estresse.

Contudo, estresse não implica necessariamente uma alteração mórbida: a vida normal também acarreta desgaste na máquina do corpo. O estresse pode ter até valor terapêutico, como é o caso no esporte e no trabalho, exercidos moderadamente. Assim, uma partida de tênis ou um beijo apaixonado podem produzir considerável estresse sem causar danos de monta.

O estresse produz certas modificações na estrutura e na composição química do corpo, que podem ser avaliadas. Algumas dessas modificações são manifestações das reações de adaptação do corpo, seu mecanismo de defesa contra o estressor; outras já são sintomas de lesão.

No conjunto dessas modificações o estresse é denominado síndrome de adaptação geral (SAG), termo cunhado por Hans Selye, o criador e pesquisador que levantou pioneira e profundamente a questão.