quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Introdução aos estudos sobre LIBRAS


Muitas pessoas acreditam que a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é o português nas mãos, na qual os sinais substituem as palavras. Outras pensam que é linguagem como a linguagem das abelhas ou do corpo.

Muitas pensam que são somente gestos iguais ao das línguas orais. Entre as pessoas que acreditam que é uma língua, há algumas que crêem que são limitadas e expressas apenas informações concretas e que não é capaz de transmitir idéias abstratas.

Pesquisas sobre LIBRAS vêm sendo desenvolvidas, mostrando que, esta língua é comparável em complexidade e expressividade a quaisquer línguas orais. Esta língua não é uma forma do português; ao contrário, tem suas próprias estruturas gramaticais, que deve ser aprendida do mesmo modo que outras línguas.

A LIBRAS difere das línguas orais por utilizar outro canal comunicativo, isto é, a visão em vez da audição. A LIBRAS é capaz de expressar idéias sutis, complexas e abstratas. Os seus usuários podem discutir filosofia, literatura ou política, além de esportes, trabalho, moda, etc.

A LIBRAS podem expressar poesia e humor. Como outras línguas, a LIBRAS aumenta o vocabulário com novos sinais introduzidos pela comunidade surda em resposta à mudança cultural e tecnológica. (Quadros e Karnopp, 2004)

A LIBRAS não é universal. Assim como as pessoas ouvintes em países diferentes falam diferentes línguas, também as pessoas surdas por toda parte do mundo usam línguas de sinais diferentes.

A LIBRAS foi criada e desenvolvida por surdos do Brasil para a comunicação entre eles e existe há tanto tempo quanto a existência das comunidades de surdos. A maior divulgação da língua de sinais no Brasil começou quando foi fundado o Instituto Nacional da Educação dos Surdos (INES) em 1857, chamada, então, de mímica.

Sendo o INES a primeira escola para surdos por muitos anos; funcionando em regime de internato, recebia alunos de todas as regiões do Brasil, os quais, ao voltarem para suas cidades, nas férias, difundiam essa língua por todo país. Assim, a LIBRAS difere da língua de sinais de Portugal.

Como havia professor que dominava a Língua de Sinais Francesa no INES, na sua fundação, a LIBRAS hoje traz um pouco das características desta língua de sinais francesa e difere da língua de sinais de Portugal, embora os dois países, Brasil e Portugal tenham historicamente dividido a mesma língua oral.

A partir do Congresso em Milão, Itália, em 1880, a filosofia educacional começou a mudar na Europa e, conseqüentemente, em todo mundo. O método combinado que utilizava tanto sinais como o treinamento em língua oral foi substituído em muitas escolas pelo método oral puro, o oralismo.

Muitas pessoas acreditavam que a única forma possível para que as crianças surdas se integrassem ao mundo dos ouvintes seria falar e ler os lábios. E assim muitas escolas passaram a insistir com os alunos surdos para que entendessem a língua oral e aprendessem a falar.

Os professores surdos já existentes nas escolas, naquela época, foram afastados, e os alunos desestimulados a usarem a língua de sinais (mímica), tanto dentro quanto fora da sala de aula. Era comum a prática de amarrar as mãos das crianças para impedi-las de fazer sinais. Isso aconteceu também no Brasil.

Mas apesar dessas tentativas de desestimular o uso da língua de sinais, a LIBRAS continuou sendo a língua preferida da comunidade surda. Os surdos, quando viram que o uso de sinais estava proibido, reconheceram e consideram a LIBRAS como sua língua natural, a qual reflete valores culturais e guarda suas tradições e heranças vivas.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Andragogia: arte e ciência na aprendizagem do adulto


Na Educação a Distância é imprescindível considerar as especificidades do aprendiz adulto fazendo o uso do sistema andragógico de ensino e aprendizagem. Mas, afinal do que estamos falando? Poucos sabem sobre o que vem a ser a andragogia cuja definição não é encontrada na maioria dos dicionários.

Por mais de cinco décadas, tem sido realizado esforços para formular uma teoria que considere aquilo que já sabemos, por experiência própria e pesquisa, a respeito das características únicas do aprendiz adulto.

É surpreendente que apenas em 1950 alguns educadores começaram a organizar idéias em torno da noção de que adultos aprendem melhor em ambientes informais, confortáveis, flexíveis e não ameaçadores.

Dez anos depois, já então nos anos 60, um Yugoslavo, educador de adultos, participando de um seminário de verão na Boston University, expôs o termo “andragogia”, como um conceito mais organizado a respeito da educação de adultos.

Andragogia foi apresentada como a arte e a ciência de ajudar o adulto a aprender e era ostensivamente a antítese do modelo pedagógico que significa, literalmente, a arte e ciência de ensinar crianças.

O modelo pedagógico, aplicado também ao aprendiz adulto, persistiu através dos tempos chegando até o século presente e foi à base da organização do nosso atual sistema educacional. Esse modelo confere ao professor responsabilidade total para tomar todas as decisões a respeito do que vai ser aprendido, como será aprendido, quando será aprendido e se foi aprendido. É um modelo centrado no professor, deixando ao aprendiz somente o papel submisso de seguir as instruções do professor.

Por sua vez, o modelo andragógico é baseado em vários pressupostos que são diferentes daqueles do modelo pedagógico:

1. A Necessidade de Saber. Os adultos têm necessidade de saber por que eles precisam aprender algo, antes de se disporem a aprender. Quando os adultos comprometem se a aprender algo por conta própria, eles investem considerável energia investigando os benefícios que ganharão pela aprendizagem e as conseqüências negativas de não aprendê-lo.

2. Auto-Conceito do Aprendiz. Os adultos tendem ao auto-conceito de serem responsáveis por suas decisões, por suas próprias vidas. Uma vez que assume esse conceito de si próprio eles desenvolvem uma profunda necessidade psicológica de serem vistos e tratados pelos outros como sendo capazes de auto-direcionar-se, de escolher seu próprio caminho. Eles se ressentem e resistem a situações nas quais sentem que outros estão impondo seus desejos a eles.

3. O Papel das Experiências dos Aprendizes. Os adultos se envolvem em uma atividade educacional com grande número de experiências, mas diferentes em qualidade daquelas da juventude. Por ter vivido mais tempo, ele acumula mais experiência do que na juventude. Mas também acumulou diferentes tipos de experiências. Essa diferença em quantidade e qualidade da experiência tem várias conseqüências na educação do adulto.
4. Prontos para Aprender. Adultos estão prontos para aprender aquelas coisas que precisam saber e capacitar-se para fazer, com o objetivo de resolver efetivamente as situações da vida real.

5. Orientação para Aprendizagem. Em contraste com a orientação centrada no conteúdo própria da aprendizagem das crianças e jovens (pelo menos na escola), os adultos são centrados na vida, nos problemas, nas tarefas, na sua orientação para aprendizagem.

6. Motivação. Enquanto os adultos atendem alguns motivadores externos (melhor emprego, promoção, maior salário, etc.), o motivador mais potente são pressões internas (o desejo de crescente satisfação no trabalho, auto estima, qualidade de vida, etc.). Pesquisas de comportamento mostram que todos adultos normais são motivados a continuar crescendo e se desenvolvendo.

Se você quiser ler mais sobre Andragogia, recomendo esses livros:

TOUGH, A. The Adult’s Learning Projects. Toronto: Ontario Institute for Studies in
Education, 1971, 1979.

BROOKFIELD, S.D. Understanding and facilitating adult learning. San Francisco:
Jossey-Bass, 1986.

CROSS, K.P. Adults as learners. San Francisco: Jossey-Bass, 1981.

DEWEY, J. Experience and education. New York: Collier Books, 1933.

KNOWLES, Malcolm S. The modern practice of adult education: andragogy versus
pedagogy. New York: Association Press, 1970.

KNOWLES, Malcolm S. The adult learner: the definitive classic in adult education
and human resource development. 5ed., Houston: Gulf, 1998.

MADEIRA, Vicente de Paulo Carvalho. Para falar em andragogia, programa educação do trabalhador, v.2, CNI-SESI, 1999.

OLIVEIRA, Ari Batista de. Andragogia, facilitando a aprendizagem. Educação do
Trabalhador, v.3, CNI-SESI, 1999

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Mangueiras de incêndio - Inspeção, manutenção e cuidados


De acordo com a Norma ABNT NBR 12779, toda mangueira de incêndio deve ser inspecionada a cada 6 meses e ser submetida a ensaio hidrostático / manutenção a cada 12 meses. Esses serviços requerem condições e equipamentos adequados e deverão ser realizados por empresa capacitada.

O usuário deverá manter em seu poder o certificado válido de inspeção e manutenção de suas mangueiras de incêndio, emitido pela empresa capacitada. Esse documento poderá ser exigido pelo Corpo de Bombeiros, Prefeitura, companhia de seguro ou outras autoridades.

A falta desse documento poderá acarretar a não indenização dos danos pela seguradora. Como responsáveis pela proteção de vidas e patrimônios, o engenheiro, o técnico de segurança ou o síndico responderão por eventuais ações judiciais.

INSPEÇÃO
A inspeção deve verificar:
  • Comprimento da mangueira: é de suma importância para garantir o alcance e a área de cobertura originalmente projetados. Após a inspeção, somente deverão retornar para uso as mangueiras que apresentarem comprimento até 2% inferior ao seu comprimento nominal.
         
Comprimento nominal
(metros)
Comprimento mínimo
(metros)
15
14,70
20
19,60
25
24,50
30
29,40
  • Desgaste por abrasão e/ou fios rompidos na carcaça têxtil, principalmente na região do vinco.
  • Presença de manchas e/ou resíduos na superfície externa proveniente de contato com produtos químicos ou derivados de petróleo.
  • Desprendimento do revestimento externo.
  • Evidência de deslizamento das uniões em relação à mangueira.
  • Dificuldades para acoplar o engate das uniões (os flanges de engate devem girar livremente).
    NOTA – Recomenda-se que também seja verificada a dificuldade de acoplamento das uniões com o hidrante e com o esguicho da respectiva caixa/abrigo de mangueira. É permitido utilizar chave de mangueira para efetuar o acoplamento. Esta verificação pode ser feita pelo usuário.
  • Deformações nas uniões provenientes de quedas, golpes ou arraste.
  • Ausência de vedação de borracha nos engates das uniões ou vedação que apresente ressecamento, fendilhamento ou corte.
  • Ausência de marcação conforme a ABNT NBR 11861.
Caso ocorra quaisquer irregularidades descritas acima, a mangueira deve ser encaminhada para manutenção.

MANUTENÇÃO:
A manutenção compreende as atividades de ensaio hidrostático, reparos, reempatação, limpeza e secagem. Esses serviços deverão ser realizados por empresa capacitada. Após o ensaio hidrostático, a mangueira deve retornar, preferencialmente, para o mesmo hidrante ou abrigo em que se encontrava antes do ensaio.

ALERTA AO USUÁRIO:
A norma ABNT NBR 11861 estabelece condições mínimas exigíveis para 5 tipos diferentes de mangueiras de combate a incêndio.

Tipo
Local de uso
Pressão de trabalho máxima
kPa (kgf/cm²)
1
edifícios de ocupação residencial
980 (10)

2
edifícios comerciais e industriais ou Corpo de Bombeiros
1370 (14)

3
área naval e industrial ou Corpo de Bombeiros, onde é desejável uma maior resistência à abrasão.
1470 (15)
4
área industrial, onde é desejável uma maior resistência à abrasão
1370 (14)
5
área industrial, onde é desejável uma alta resistência à abrasão e a superfície quente
1370 (14)

O usuário deve estar atento quanto à aplicação correta das mangueiras tipos 1 e 2.

A mangueira tipo 1 é de uso exclusivo em edifícios residenciais.  Portanto, não pode ser instalada em edifícios industriais, comerciais, prédios de escritórios, shopping centers, lojas, hospitais, cinemas, hotéis ou aeroportos.

Para esses locais a norma estabelece no mínimo mangueira tipo 2 e, no caso de um sinistro, se a mangueira instalada for tipo 1, poderá acarretar a não indenização dos danos pela seguradora. Como responsáveis pela proteção de vidas e patrimônios, o engenheiro, o técnico de segurança ou o síndico responderão por eventuais ações judiciais.

A norma ABNT NBR 12779 recomenda que mangueiras tipo 1 instaladas na indústria ou comércioaté Novembro/98 sejam substituídas por mangueiras tipo 2 no menor prazo possível.

Evite acidentes de trabalho. Fique atento quanto ao uso correto das uniões, seja em mangueiras novas ou em mangueiras usadas. Existem mangueiras utilizadas no comércio ou indústria com data de fabricação anterior a Setembro de 1999 empatadas com uniões de bucha curta. Para a segurança do operador, é importante realizar a sua substituição por uniões 40B ou 65B, conforme anexo C da ABNT NBR 12779.

Caso o estado de uso e desgaste da mangueira seja considerável, planeje sua substituição.