terça-feira, 29 de novembro de 2011

Andragogia: arte e ciência na aprendizagem do adulto


Na Educação a Distância é imprescindível considerar as especificidades do aprendiz adulto fazendo o uso do sistema andragógico de ensino e aprendizagem. Mas, afinal do que estamos falando? Poucos sabem sobre o que vem a ser a andragogia cuja definição não é encontrada na maioria dos dicionários.

Por mais de cinco décadas, tem sido realizado esforços para formular uma teoria que considere aquilo que já sabemos, por experiência própria e pesquisa, a respeito das características únicas do aprendiz adulto.

É surpreendente que apenas em 1950 alguns educadores começaram a organizar idéias em torno da noção de que adultos aprendem melhor em ambientes informais, confortáveis, flexíveis e não ameaçadores.

Dez anos depois, já então nos anos 60, um Yugoslavo, educador de adultos, participando de um seminário de verão na Boston University, expôs o termo “andragogia”, como um conceito mais organizado a respeito da educação de adultos.

Andragogia foi apresentada como a arte e a ciência de ajudar o adulto a aprender e era ostensivamente a antítese do modelo pedagógico que significa, literalmente, a arte e ciência de ensinar crianças.

O modelo pedagógico, aplicado também ao aprendiz adulto, persistiu através dos tempos chegando até o século presente e foi à base da organização do nosso atual sistema educacional. Esse modelo confere ao professor responsabilidade total para tomar todas as decisões a respeito do que vai ser aprendido, como será aprendido, quando será aprendido e se foi aprendido. É um modelo centrado no professor, deixando ao aprendiz somente o papel submisso de seguir as instruções do professor.

Por sua vez, o modelo andragógico é baseado em vários pressupostos que são diferentes daqueles do modelo pedagógico:

1. A Necessidade de Saber. Os adultos têm necessidade de saber por que eles precisam aprender algo, antes de se disporem a aprender. Quando os adultos comprometem se a aprender algo por conta própria, eles investem considerável energia investigando os benefícios que ganharão pela aprendizagem e as conseqüências negativas de não aprendê-lo.

2. Auto-Conceito do Aprendiz. Os adultos tendem ao auto-conceito de serem responsáveis por suas decisões, por suas próprias vidas. Uma vez que assume esse conceito de si próprio eles desenvolvem uma profunda necessidade psicológica de serem vistos e tratados pelos outros como sendo capazes de auto-direcionar-se, de escolher seu próprio caminho. Eles se ressentem e resistem a situações nas quais sentem que outros estão impondo seus desejos a eles.

3. O Papel das Experiências dos Aprendizes. Os adultos se envolvem em uma atividade educacional com grande número de experiências, mas diferentes em qualidade daquelas da juventude. Por ter vivido mais tempo, ele acumula mais experiência do que na juventude. Mas também acumulou diferentes tipos de experiências. Essa diferença em quantidade e qualidade da experiência tem várias conseqüências na educação do adulto.
4. Prontos para Aprender. Adultos estão prontos para aprender aquelas coisas que precisam saber e capacitar-se para fazer, com o objetivo de resolver efetivamente as situações da vida real.

5. Orientação para Aprendizagem. Em contraste com a orientação centrada no conteúdo própria da aprendizagem das crianças e jovens (pelo menos na escola), os adultos são centrados na vida, nos problemas, nas tarefas, na sua orientação para aprendizagem.

6. Motivação. Enquanto os adultos atendem alguns motivadores externos (melhor emprego, promoção, maior salário, etc.), o motivador mais potente são pressões internas (o desejo de crescente satisfação no trabalho, auto estima, qualidade de vida, etc.). Pesquisas de comportamento mostram que todos adultos normais são motivados a continuar crescendo e se desenvolvendo.

Se você quiser ler mais sobre Andragogia, recomendo esses livros:

TOUGH, A. The Adult’s Learning Projects. Toronto: Ontario Institute for Studies in
Education, 1971, 1979.

BROOKFIELD, S.D. Understanding and facilitating adult learning. San Francisco:
Jossey-Bass, 1986.

CROSS, K.P. Adults as learners. San Francisco: Jossey-Bass, 1981.

DEWEY, J. Experience and education. New York: Collier Books, 1933.

KNOWLES, Malcolm S. The modern practice of adult education: andragogy versus
pedagogy. New York: Association Press, 1970.

KNOWLES, Malcolm S. The adult learner: the definitive classic in adult education
and human resource development. 5ed., Houston: Gulf, 1998.

MADEIRA, Vicente de Paulo Carvalho. Para falar em andragogia, programa educação do trabalhador, v.2, CNI-SESI, 1999.

OLIVEIRA, Ari Batista de. Andragogia, facilitando a aprendizagem. Educação do
Trabalhador, v.3, CNI-SESI, 1999

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