sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A Responsabilidade de cada um na prevenção de acidentes

O principal responsável pela sua SEGURANÇA é você mesmo, pois não há ninguém melhor para saber o que fazer de sua vida. Você é dono do seu próprio nariz.

Só que no mundo em que vivemos, o homem é um ser social, pois está ligado a família, a grupo de amigos e trabalha em conjunto com seus semelhantes.

Dito isto, já podemos perceber que você já não é tão dono assim do seu nariz. Você tem responsabilidades com familiares, amigos e colegas de trabalho.

Imagine se você for acidentado, ou provocar um acidente, teríamos as conseqüências diretas e indiretas:

1 - Além de você sofrer lesões, podendo até morrer, causar danos e prejuízos e, conforme o tipo de acidente, seus colegas também poderão ser acidentados.

2 - São acionadas várias pessoas para o atendimento do(s) acidentado(s), causando com isto perda de tempo e prejuízos;

3 - A rotina da família é modificada para o atendimento do acidentado e também, começam as despesas que não estavam planejadas, arrebentando com o orçamento doméstico.

Além destas despesas, conforme o tempo de recuperação do acidentado, o dinheiro que vai entrar para as despesas domésticas, sofrer uma brusca redução;

4 - Caso você não morra no acidente, mas fique inutilizado para o trabalho, poderá ver toda a estrutura a sua volta desmoronar e deixará de ser uma pessoa “DE BEM COM A VIDA”.

 Este exercício de imaginação é triste, talvez tétrico, mas é ótimo para que você saiba que um acidente modifica tudo a que você está acostumado e, como envolve outras pessoas.

 No seu serviço, saiba executá-lo corretamente, distinga os riscos a que está exposto e tome as medidas preventivas necessárias. Se precisar de ajuda, entre em contato com o Técnico de Segurança a fim de que as providências possam ser solicitadas acompanhadas e resolvidas.

 Na prevenção de acidentes, você é parte do problema ou parte da solução? DEFINA-SE!!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Trabalho em Turno e Noturno - Parte II


4)  O TRABALHO NOTURNO
Para a Organização Internacional do Trabalho, a expressão trabalho noturno designa "todo trabalho que se realize durante um período de pelo menos sete horas consecutivas, que abranja o intervalo compreendido entre a meia noite e as cinco horas da manhã". Fundacentro (1990)
O labor noturno, por ser contrário à natureza do ser humano predominantemente diurna, provoca um quadro de estresse constante, revelando-se uma das formas mais perversas de organização temporal do trabalho, Chaves (1995) .
Seus prejuízos à saúde do trabalhador deixam seqüelas, quer seja nos seus aspectos psíquicos, físicos e emocionais, quer seja nos seus aspectos sociais, familiares e interpessoais.
O trabalhador noturno permanece ativo enquanto seu sistema biológico deveria estar em repouso. Por outro lado sincronizadores ambientais e sociais - também chamados de sincronizadores externos ou indicadores de tempo - impedem continuamente uma adaptação ao trabalho noturno. Os sincronizadores podem ser as mais diferentes modificações no universo de um ser vivo, tais como modificações nos horários de dormir e de acordar, duração dos períodos de luz e escuridão, temperatura ambiente, etc.
O trabalhador noturno não tem, em absoluto, seu ritmo circadiano invertido ou ampliado, mas sim, desestruturado, uma vez que, dadas as características do horário do turno, não são todas as noites que o trabalhador permanece acordado, assim como não são todos os dias que ele dorme: além disso, mesmo que a alteração temporal fosse completa, ou mesmo incompleta, mas constante, não seria possível abolir os demais sincronizadores externos aos quais está sujeito em decorrência de seu convívio social.
Nos sistemas de turnos fixos noturnos há uma tendência do trabalhador, nos seus dias de folga, tentar acompanhar a sociedade, o que obrigaria constantemente a modificar seu horário de dormir, de se alimentar, de lazer em função de seus horários de trabalho.
É relevante ressaltar que:
  1. o trabalho noturno é um problema multidimensional, onde se conhece suficientemente bem o campo das variáveis, mas não o peso específico de cada uma delas;
  2. o problema da adaptação não é na verdade um problema, na medida em que o caráter anormal do trabalho noturno pode somente, na melhor das hipóteses, ocasionar uma mudança nos trabalhadores para poder ultrapassar sua deficiência;
  3. em todas as situações profissionais, mais ainda no momento das atividades noturnas, convém suavizar a dicotomia vida no trabalho e vida fora do trabalho pois, não é evidente que as horas de trabalho que são satisfatórias do ponto de vista fisiológico permitirão momentos gratificantes nas atividades fora do trabalho, segundo Gadbois & Queinnec (1984).
Existem poucos argumentos sobre as diferenças entre trabalhadores de sexos diferentes, no que diz respeito às rítmicas circadianas das variáveis fisiológicas ou de performance psicométricas. Porém, a situação familiar, solteiro ou não, presença de um ou vários filhos, constitui um fator normalmente agravante dos problemas do trabalhador noturno.
Segundo Gadbois (1981), as mulheres casadas e tendo normalmente um filho, dormem ao dia em torno de uma hora e meia a menos que as solteiras. O débito é ainda mais marcante quando se trata de mães com crianças em fase de amamentação. Por outro lado, a desproporção das divisões das tarefas do lar entre casais contribui igualmente para aumentar os problemas dos horários do trabalho noturno feminino e a carga global de trabalho suportada. Esses diversos elementos da situação fora do trabalho devem ser levados em consideração no momento da organização do horário e da prescrição das tarefas no trabalho noturno.
Tais cuidados na organização do horário e da prescrição das tarefas, também devem ser considerados em relação à idade do trabalhador noturno. O envelhecimento modifica, muito provavelmente, a sensibilidade às rotações de turno de maneira geral e em particular ao trabalho noturno não rodiziante. O envelhecimento do trabalhador noturno favorece a passagem a um estado crônico de fadiga mental profissional.
Finalizando, o estresse ligado ao trabalho noturno resulta de três fatores gerais: Dessincronização do ritmo circadiano; alteração da vida social e familiar e privação do sono. Estes fatores podem interagir para produzir os efeitos prejudiciais sobre o bem-estar geral psicológico e físico do trabalhador noturno.
 
5)  O EFEITO DOS TURNOS NOS TRABALHADORES
Na representação de nossa sociedade, o homem tem sua vida social e ritmo orgânico ligados à vivência diurna, ou seja, o homem costuma acordar no período da manhã, onde temos a luz do dia e dormir durante a noite quando o sol se põe.
A organização temporal do trabalho em turnos e noturno traz inegáveis prejuízos para a saúde do trabalhador, tanto no aspecto físico, como psíquico, emocional e social; em virtude das organizações do trabalho, ocorrem marcas indeléveis no trabalhador.
O trabalho em turnos e noturnos possibilita (é causador) uma série de distúrbios fisiológicos e psicossociais devido às mudanças dos ritmos biológicos, dessincronização familiar e social da vida do trabalhador, levando, a um quadro designado como Síndrome de Maladaptação do trabalho em turnos.
Num primeiro mês de trabalho em turnos e noturnos, o trabalhador já pode apresentar algumas manifestações agudas como a insônia, excessiva sonolência durante o trabalho, distúrbios do humor, aumento de acidentes e problemas familiares, sociais e emocionais. Após alguns anos nesta forma de trabalho, o indivíduo passa a apresentar algumas manifestações crônicas como desordens do sono, doenças cardiovasculares e gastrointestinais, absenteísmo, separação e divórcios.
Esta inadaptação do trabalhador aos turnos e trabalhos noturnos, pode também levá-lo ao uso abusivo de substâncias para dormir e uso de álcool, sem contar a presença de uma fadiga crônica e manifestações contínuas de estresse. Este quadro, de uma forma geral, pode levar em conta também a segurança e vigília do trabalhador, causando posteriormente, acidentes de trabalho que podem levá-lo a sérios riscos de vida ou mesmo a morte.
   Distúrbios de saúde
5.1  Cronobiologia
O organismo do ser humano funciona de acordo com um relógio biológico, que possui ritmos distintos funcionando de acordo com os fatores ambientais externos e internos. A ritimicidade natural para diversas funções de nosso corpo segue um comportamento periódico, definido de acordo com sua freqüência, e classificado em 3 tipos:
1.       circadiano: leva cerca de um dia, ou seja, tem freqüência próxima das 24hs do dia.
2.       ultradiano: tem freqüência maior que o ciclo circadiano, porém inferior às 24hs de um dia.
3.       infradiano: tem freqüência menor que o ritmo circadiano, porém seus ciclos têm duração superior às 24hs de um dia.
Os ritmos circadianos estão presentes em diversas funções corpóreas como por exemplo: temperatura corporal, corticosteróides e eletrólitos do soro e urinários, funções cardiovasculares, secreção de enzimas gástricas, número de leucócitos do sangue, força muscular, estado de alerta, humor, memória imediata e a longo prazo.
Já os ritmos ultradianos estão presentes no intervalo de 90 a 100 minutos entre as repetições do movimento rápido dos olhos durante o sono paradoxal. E, os ritmos infradianos estão presentes dentro do ciclo menstrual das mulheres.
Na maior parte dos ciclos biológicos, tem-se a princípio, uma média de um período de 25,2hs, existindo sempre as diferenças de indivíduo para indivíduo, pois, a zero hora para um não é a mesma para o outro. Portanto, existem os indivíduos matutinos que são aqueles que acordam e dormem cedo, e os indivíduos vespertinos, que são aqueles que dormem muito tarde e acordam por volta do meio dia. Este aspecto citado, é de extrema importância, pois estas funções influenciam no ciclo do sono deste indivíduo.
Além destes aspectos, temos também os estímulos externos, ou seja, a luz ou escuridão também faz parte de um item que influencia na sincronização dos ritmos internos, ou dos ritmos biológicos.
Este sincronizador poderoso em nossas vidas, a luz do dia, faz com que a presença de algumas glândulas possam funcionar de forma tal que a produção de alguns hormônios necessários sejam realmente aproveitados e não nos causando sérios distúrbios como no caso de alguns trabalhadores noturnos, que posteriormente, sofrem sérios danos.
 
5.2       Hormônios liberados pelo organismo durante as 24hs
Alguns exemplos de liberação de hormônios que seguem o ciclo biológico e que, quando alterados, nos trazem conseqüências devido ao desregulamento, que no caso, acontecem durante os trabalhos noturnos.
O ritmo natural destes hormônios são:
Meia noite: é quando aumenta a produção do hormônio responsável pelo crescimento. Açúcares e gorduras são armazenados neste horário.
1 hora: as contrações uterinas alcançam seu ritmo máximo de intensidade
2 horas: cresce o número de glóbulos brancos. O estado de alerta diminui.
3 horas: cai a temperatura corporal
4 horas: horário em que podem ocorrer casos de asma e abortos espontâneos
5 horas: começam a aumentar as secreções hormonais que chegam a seu ponto máximo às 8hs.
6 horas: podem surgir dores articulares, que se prolongam até as 8hs.
7 horas: os hormônios associados ao stress têm sua primeira alta; ganham eficácia os anti-histamínicos, remédios que neutralizam as alergias.
8 horas: até as 12 hs, aumento do ritmo cardíaco.
9 horas: bom para o trabalho intelectual (até as 11hs) e para cirurgias, devido ao aumento de substâncias cicatrizantes na circulação.
10 horas: as secreções ácidas do estômago chegam ao seu ponto máximo; o álcool se concentra mais rapidamente ao sangue.
11 horas: podem surgir cansaço e diminuição do estado de alerta.
12 horas: sobem a pressão arterial e a temperatura do corpo.
13 horas: baixa a atenção (até as 15hs.).
14 horas: cai a quantidade de glóbulos brancos; a produção de insulina alcança o seu ponto mais alto.
15 horas: a força muscular está em sua plenitude, não havendo perigo de lesões nas articulações.
16 horas: a temperatura corporal alcança o ponto máximo (até as 18hs.)
17 horas: o rendimento intelectual está favorecido (até as 21hs.)
18 horas: a pele está mais receptiva à ação de medicamentos em forma de creme ou gel (até as 20hs)
19 horas: o organismo absorve melhor antiinflamatórios, remédios para úlcera, asma e artrite (até as 22hs)
20 e 21 horas: são horas fatídicas, onde geralmente aparecem a angustia e a depressão.
22 horas: diminui o calibre dos brônquios; aumentam, ao mesmo tempo, as dificuldades respiratórias.
23 horas: baixa o estado de alerta (até a meia noite); também é o período de maior excitação sexual e fertilidade femininas (até as 2hs da manhã).

5.3   Ciclo sono/ vigília
Para entender o ciclo do sono, devemos estabelecer basicamente três critérios a serem avaliados: atividade elétrica do córtex cerebral (através do eletroencéfalograma – EEG – são interpretadas as ondas presentes), grau de facilidade com que o indivíduo pode ser acordado e o tônus muscular.
A partir destes fatores, devemos saber que o ciclo do sono é divido em cinco fases, sendo elas:
1ª fase: início da sonolência e diminuição da amplitude das ondas.
2ª fase: a atividade elétrica é alternada, aparecendo episódios de alta freqüência, fusos do sono, ondas grandes e lentas de ocorrência ocasiona. É a fase do sono caracterizado.
3ª fase: ocorre uma certa freqüência de ondas e a manutenção do tônus muscular.
4ª fase: é a fase do sono profundo, com a presença de ondas lentas, redução da facilidade de acordar, diminui o tônus muscular, diminuição da freqüência cardíaca e respiratória e redução da pressão arterial. É o sono repousante considerado de recuperação física.
5ª fase: é a última fase do sono e é caracterizado por movimentos rápidos dos olhos, aumento da freqüência cardíaca, respiratória e pressão arterial, porém com tônus muscular baixo. Este é o sono Paradoxal, pois a pessoa está dormindo e mantém a atividade cerebral, sem ter conhecimento do que a cerca. Nesta fase, o indivíduo dificilmente acorda.
O padrão do sono, nos seres humanos, são variáveis em função da idade, sendo que a quantidade do sono diminui com a meia idade, e a qualidade da vigília se traduz em dificuldades ao cumprir atividades ou trabalho.
No caso de indivíduos que tem seus horários de sono alterados, têm fatores de desequilíbrio psicofisiológicos.
           
5.4   Temperatura corporal, desempenho e carga cognitiva
A temperatura corporal do homem sofre variações durante o dia inteiro, onde ocorrem aumento durante o tempo de maior atividade (na parte da tarde) e depois tem um declínio considerável (na madrugada, por volta das 2hs da manhã). Estas variações consideráveis da temperatura durante todo o dia, indica que não há uma adaptação e desempenho do homem ao trabalho noturno assim como existe no trabalhador diurno.
A carga cognitiva não acompanha o mesmo ritmo que a temperatura corporal, portanto, podemos observar que as atividades que necessitam de memória complexa podem ser realizadas durante o dia ou à noite com bons desempenhos. Os trabalhadores que utilizam a memória imediata se mostram muito bem durante o dia, enquanto que aqueles que precisam da memória funcional demonstram maior desempenho ao meio dia, e os trabalhadores que necessitam de uma carga cognitiva elevada são melhor realizados e com demonstração de melhor desempenho é durante a noite.
Desta forma, podemos perceber, que dependendo da atividade ou tarefa, ocorre um desempenho diferente em cada horário do dia.
  5.5   Distúrbios nervosos
Um dos distúrbios nervosos mais presentes nos trabalhadores de turnos e noturnos advém das longas jornadas de trabalho, sendo o estresse, onde, estão mais presentes nos trabalhadores noturnos que nos diurnos ou vespertinos (que dificilmente apresentam).
  5.6   Distúrbios gastrointestinais
Os distúrbios gastrointestinais aparecem geralmente pelo fato dos trabalhadores não terem horários adequados para a ideal alimentação, sendo que na maior parte das vezes, ocorre a alteração de alimentos por lanches. Existe também o fator que influencia diretamente, que é o horário de trabalho em seu turno (diurno, vespertino ou noturno).
Estes distúrbios em geral, são: azia, gastrite, ulceração péptica, dispepsias (dificuldade na digestão), colites, diarréias, constipação intestinal e etc.
5.7. Distúrbios cardiovasculares
Os distúrbios cardiovasculares mais presentes nos trabalhadores em turnos, indicados através de pesquisas e diversos estudos, e que ainda não se tem uma certeza ou que seja concreto, mas que realmente aparecem como fatores predisponentes do trabalho , são as doenças cardiovasculares isquêmicas e a hipertensão arterial. A primeira, não é detectado a presença de hábitos como o fumo que causem predisposição, mas a segunda, aponta o fumo como indicador de risco e de grandes chances do distúrbio.
5.8. Fadiga e acidentes
A fadiga é uma das maiores e fundamentais queixas dos trabalhadores de longas horas, principalmente está presente nas falas dos trabalhadores noturnos.
Podem causar acidentes de trabalho devido ao desequilíbrio orgânico, a presença de tensões, conflitos, emoções e rotina. Todos estes fatores desencadeiam um processo de fadiga, que pode vir a se tornar altamente prejudicial através de acidentes nos finais dos turnos, principalmente nos noturnos.
5.9. Aspéctos psicossociais, familiares e interpessoais
Há influência dos horários nos diversos turnos sobre a vida do trabalhador, e podemos observar que está diretamente ligado ao seu cotidiano ou seja, pode acarretar importantes dificuldades no plano de vida familiar e social, só que somente serão ressaltados após longo período na vida deste trabalhador.


RECOMENDAÇÕES ERGONOMICAS EM TRABALHO NOTURNO

Para elaboração de turnos de trabalho é preciso:
·         Evitar trabalho monótono, que pode induzir à sonolência e sensação de fadiga, com aumento do número de acidentes;
·         Iluminação adequada;
·         Jornada máxima de 6 horas para trabalhos difíceis ou pesados e de 8 horas para atividades mais leves;
·         Os trabalhadores noturnos devem Ter mais de 25 anos e menos de 50 anos;
·         Uma alimentação balanceada deve ser assegurada;
·         São contra indicadas pessoas com predisposição a distúrbios psicossomáticos,  labilidade emocional, insônia diurna, má adaptação ao trabalho noturno.

Trabalhos em Turno e Noturno - Parte I


Os trabalhos em turnos são formas de organização da jornada diária de trabalho em que são realizadas atividades em diferentes horários ou em horário constante, porém incomum. É resultante das mesmas atividades realizadas em diferentes períodos do dia e da noite.
O trabalho em turnos e noturno não é um fenômeno novo, ao contrário, existe desde o início remoto da vida social dos homens em formação organizada, como cidades e estados. Percebeu-se a presença desta forma de trabalho, desde a antiguidade, onde, era necessária a presença de pessoas que pudessem fazer a vigília do local, sem que animais perigosos ou possíveis ataques de tribos inimigas pudessem chegar ao local.
Mais tarde, conforme a civilização progredia, o comércio adquiriu importância e o trabalho em turnos e noturno expandiu-se com o aumento do transporte de passageiros e de matérias primas. As necessidades de comunicação tornaram-se mais importantes, resultando em entregas noturnas de correio, navegação e transporte terrestre. As profissões de segurança e manutenção da lei, padarias e hospitais, exigiam cobertura em tempo integral para sociedades em crescimento.
Em 1879 Thomas Edison inventou a lâmpada elétrica, possibilitando um pouco mais tarde, em 1882, uma fonte confiável de força/energia, sendo este o maior evento isolado e relevante na história para o crescimento do trabalho em turnos e noturno, já que permitiria a utilização de equipamentos em tempo integral e a oferta de bens e serviços, sem interrupção, por 24 horas, White & Keith (1990) e Gordon, Cleary, Parker & Czeisler (1990).
A Revolução Industrial, seguida pela urbanização, foi o próximo fato histórico que possibilitaria o trabalho em turnos e noturno. O gás e as lâmpadas elétricas tornaram esta forma de organização temporal do trabalho mais acessível, e grandes fábricas tiraram vantagem da economia do processamento contínuo para tornar a produção mais lucrativa.
Durante a Primeira Grande Guerra, um grande número de homens e mulheres abandonou as atividades agrícolas para irem trabalhar em turnos nas fábricas de munição, em rodízios 24 horas por dia. A partir da Segunda Grande Guerra o trabalho em turnos e noturno cresce quase 1% por ano, de modo que atualmente mais de 1/4 de todos os homens trabalhadores e 1/6 das mulheres nos EUA fazem rodízio de turnos 24 horas por dia, Moore-Ede (1983).
Por outro lado, em nações industriais ao longo dos últimos 20 anos, tem havido um aumento significativo na prática de se usar dois ou mais turnos de trabalhadores em processos produtivos que excedem a duração de um dia regular de trabalho.
Assim, o trabalho em turnos e noturno tornou-se comum na indústria alimentícia, cerâmica e metalúrgica e em serviços de saúde, segurança e transportes. Na França, a proporção de negócios que operam com turnos múltiplos elevou-se de 10% para 22% entre 1958 e 1974. Nos EUA a proporção de operações manufatureiras em turnos múltiplos vem aumentando cerca de 3% a cada 5 anos, com algumas indústrias principais tendo mais do que a metade dos seus trabalhadores em turnos.
A partir da década de 90, 26% da força de trabalho nos EUA está trabalhando pelo menos 4 horas fora do horário das 09:00 às 17:00 horas. Assim, o trabalho em turnos e noturno tornou-se um estilo de vida para, aproximadamente, 25% da força de trabalho nos EUA, Winget, Hughes, & LaDou (1994).
Em resumo, na idade média, o trabalho em turnos e noturno cresceu radicalmente, mas a maior comprovação e permissão para um melhor trabalho em turnos foi a partir do séc. XIX, quando a lâmpada elétrica de Thomas Edison foi inventada, gerando assim, uma fonte segura do crescimento do trabalho juntamente com a presença da energia elétrica. A revolução industrial permitiu a entrada de mais pessoas nas grandes fábricas, aumentando assim, o número de funcionários e diminuição da carga horária do turno. Nas grandes guerras mundiais, pôde-se verificar a quantidade de pessoas que deixaram a agricultura para trabalhar nas indústrias bélicas, aumentando assim, o número de trabalhadores que trabalhavam em turnos.

2) POR QUE EXISTE O TRABALHO EM TURNOS ?
A existência do trabalho em turnos se dá, atualmente, para uma melhor forma de organização do trabalho, de acordo com determinados fatores:
1.      De ordem técnica, ou seja, processos industriais que utilizam operações contínuas; De ordem econômica, onde o custo do maquinário exige seu uso ininterrupto para tornar a produção economicamente viável;
2.      De ordem social, pela exigência do aumento da capacidade industrial, com a utilização do sistema em turnos, para possibilitar o aumento de trabalhadores empregados;
Estes aspectos são direcionados à demanda, pelo aumento da procura por determinado produto e por exigência de alguns segmentos do setor de serviços, como por exemplo, ferrovias, correios, aeroportos, polícia, hospitais, segurança, marinha mercante, etc.

3)  TIPOS DE SISTEMAS DE TRABALHO EM TURNOS
O sistema de trabalho em turnos e noturno apresenta uma grande diversidade de tipos e modelos. Assim, são encontrados, de maneira geral, sistemas de trabalho em turnos e noturno nas seguintes condições, de acordo com Scott & LaDou (1994):
  1. Fixo ou permanente - são os turnos em que o trabalhador tem um determinado horário por muitos anos ou por toda a vida de trabalho, ou seja, este trabalhador trabalha todos os dias no mesmo horário, por exemplo só durante o dia, ou à tarde, ou anoitecer, ou turno da noite;
  2. Rotativo - é quando os funcionários fazem rodízios de turnos, pelo fato que todos devem ter o mesmo salário (esta é uma das causas para ser em forma de rodízio), portanto, todos devem cumprir tanto horários matutinos quanto vespertinos ou noturnos, assim, o salário não é modificado no valor final.  Esta forma de turnos pode ter uma rotação lenta ou semanal
    • Lenta  =>  geralmente em torno de 21 dias trabalhando no mesmo turno, e
    • Semanal =>  a cada cinco ou sete dias o trabalhador troca de turno, indo para a manhã, a tarde ou à noite.
  3. Oscilante - o trabalhador alterna entre turnos da noite e do dia ou então entre tarde e noite em base semanal;
Os turnos podem ser programados de acordo com 2 tipos de tempo ou horas de trabalhos, mas este sistema, para ser utilizado, varia de empresa para empresa, dependendo da organização empresarial e econômica/ financeira:
Tempo flexível: dá ao trabalhador considerável escolha para programar suas horas de trabalho diário no atendimento de suas obrigações semanais.
Horas escalonadas: os trabalhadores são designados a trabalhar dentro dos turnos já existentes.
Segundo Ferreira (1987) toda vez que a atividade laboral exigir trabalho em turnos e noturno, não importando que seja feito em turnos alternantes ou fixos, os trabalhadores estarão sempre sujeitos a uma dessincronização e submetidos a um maior risco de apresentarem uma série de distúrbios de ordem fisiológica e psicossocial.
As definições e condições anteriores nos permitem uma variedade de tipos e modelos de trabalho em turnos e noturno, porém, independente do arranjo, alguns fatores devem ser observados para tentar minimizar os prejuízos advindos dessa forma de organização temporal do trabalho. Para Ferreira (1987) esses fatores podem ser divididos em três grupos:
  1. Os relacionados com o esquema temporal, ou seja, duração e horários:
·         número e duração dos turnos;
·         horas de início e fim dos turnos;
·         intervalo entre os turnos;
·         número de duração de pausas;
·         período de repouso entre dois turnos, repouso em fins de semana e férias;
·         intervalo, duração e local das refeições; e
·         tempo e condições de transporte do domicílio para a empresa.
  1. Os relacionados com os modos de alocação das equipes:
    • equipes fixas ou alternantes;
    • rotações rápidas ou lentas, regulares ou irregulares;
    • número de equipes;
    • efetivo por equipe;
    • repartição das equipes nos diferentes turnos;
    • substituições;
    • política de reclassificações de turnistas, de caráter preventivo e limitando a permanência do trabalhador no sistema de trabalho em turnos e noturno; e
    • possibilidade de participação na vida da empresa.

  1. Os relacionados com o trabalho e suas condições de execução:
    • tipos de tarefas executadas;
·         procedimentos operatórios e sua variabilidade;
·         carga de trabalho física e psíquica;
    • condições materiais de realização: ambiente físico e químico e espaço de trabalho; e
    • condições organizacionais de execução.
O Setor de Ergonomia da Fundacentro (1989) sugere uma tabela para escala de turnos, embora reconhecendo não ser considerada ideal:


2ª 
5ª 
Sábado 
Domingo
1
////
Md 
Md
Md
Md 
////
////
M
M
M
//// 
T
3
T
T
////
N
4
N
////
Md
Md 
Md
Md
5
Md
//// 
M
M
M
M
6
////
T
T
////
////
7
N
N
N
//// 
Md
Md
8
Md
Md 
Md
////
M
M
9
M
////
T
T
T
10
T
//// 
N
N
N
N
M - manhã   T – tarde    N – noite    Md - madrugada    //// - folga
 
Observa-se que mesmo na escala sugerida, em algumas semanas o trabalhador pode permanecer até 5 dias em um único turno, inclusive nos turnos da noite e da madrugada e raramente usufruir de duas folgas seguidas após os turnos noturnos.
Como não existe solução única e ideal para o sistema de turnos, pois este modelo de organização temporal do trabalho é por natureza inadequado em virtude de ir contra a orientação diurna do ser humano, sempre que se privilegia alguma variável outra será prejudicada e ao se fazer uma opção relacionada com um determinado fator não esquecer suas implicações e conseqüências em outros fatores relevantes.