quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Como evitar a exposição ao risco do frio


A exposição profissional ao frio, natural ou artificial, pode comportar riscos importantes para a saúde, facilitar a ocorrência de acidentes de trabalho e reduzir a nossa produtividade.

Para além do desconforto, as baixas temperaturas podem conduzir a dores intensas, ao aparecimento de frieiras e, em casos extremos, à hipotermia, não esquecendo o risco acrescido da síndrome de Raynaud e de lesões músculo-esquelético.

Quando paciente da doença de Raynaud expõem as extremidades do corpo à baixas temperaturas, o suprimento de oxigênio se reduz, e torna a coloração da pele branca, empalidecida, além de fria e às vezes dormente. Quando o oxigênio é totalmente consumido pelas células, esgota-se, então a pele começa a adquirir uma coloração azulada ou roxa (chamada cianose). 

Estes eventos são episódicos  com duração variando para cada pessoa de acordo com a gravidade da doença, sendo que ao terminar o episódio a área é aquecida, retornando o fluxo de sangue por vaso dilatação e rubor novamente a pele, às vezes apresentando formigamento e inchaço.

Na variação mais comum da doença de Raynaud há três mudanças de cores presentes (branco ou empalidecido; azul, roxo ou cianose; e avermelhado ou rubor). Apesar de alguns paciente não apresentarem todas as fases de mudanças de cores.
Em ambientes inferiores a 5ºC temos que estar particularmente vigilantes para evitar males maiores! Uma temperatura de -5ºC com um vento de 45 Km/h pode produzir um efeito no organismo de -15ºC.

Os trabalhadores ligados às pescas, construção, agro-indústria, transportes e outras atividades específicas como exploração de pedreiras, vendedores do exterior e reparação de equipamentos em montanhas são os que mais expostos estão aos riscos do frio.

Embora o nosso País tenha durante largos meses temperaturas aceitáveis não podemos esquecer que, no Inverno e nas atividades acima referidas, labutam milhares de trabalhadores. As empresas destes sectores devem identificar e avaliar os riscos da exposição ao frio no quadro da normal avaliação do conjunto dos riscos profissionais.

Neste sentido quais são os fatores de risco a considerar? Podemos apontar três fatores de risco fundamentais:

- Fatores de ordem climática;
- Fatores inerentes ao posto de trabalho ou à tarefa a executar;
- Fatores de ordem individual.

Assim, a temperatura ambiente é um dos principais fatores a considerar. Temperaturas positivas inferiores a 15ºC, embora não atentem gravemente contra a saúde, são favoráveis aos acidentes e geradoras de desconforto térmico, para além do desconforto, aumento da fadiga e perda de habilidade, e proporcionando também o aparecimento de lesões por esforços repetitivos (LER).

Particular atenção merecem as temperaturas inferiores a 5ºC. Nos trabalhos exteriores haverá que ter em conta a velocidade do vento, bem como a umidade do ar, dado que a perda de calor do corpo aumenta em condições úmidas.

Outros fatores mais relacionados com o tipo de trabalho podem ainda aumentar os riscos inerentes a uma exposição a baixas temperaturas. Lembramos o caso, por exemplo, de tarefas que exigem ritmos elevados com muita transpiração. A pele úmida é muito sensível ao frio.

A roupa umedecida torna-se pouco confortável e protege menos o nosso corpo. Temos ainda os trabalhos desenvolvidos em locais sem aquecimento artificial ou em instalações frigoríficas. Nestas é necessário estabelecer medidas de prevenção e proteção específicas, aliás previstas na legislação.

Muito importante é a questão do tempo de exposição ao frio. Quanto menor for o tempo de exposição melhor será para o organismo humano. Esta questão é particularmente pertinente numa boa organização do trabalho.

Por último há que considerar os fatores de ordem individual como a idade (maior risco quanto mais idade), o sexo (mulheres mais vulneráveis nos pés e nas mãos), condição física, alimentação, problemas de circulação arterial e outros.

As medidas de prevenção a adotar para combater os efeitos do frio devem estar incluídas no plano concreto de prevenção das empresas. O serviço de segurança e saúde no trabalho tomará as medidas adequadas, recorrendo, se necessário, a técnicos para avaliarem os riscos térmicos existentes.

No entanto, diversas medidas de ordem geral poderão ser referidas, desde vestuário, calçado e proteção da cabeça (metade do calor perde-se por esta parte do corpo) informação e formação dos trabalhadores, sinalização de segurança, locais de trabalho climatizados, organização do trabalho adequada que exponha o menos possível os trabalhadores ao frio e ao vento e limitar o trabalho intenso para evitar a transpiração, utilizando equipamento auxiliar de trabalho.

A legislação brasileira estipula, claramente, que «as condições de temperatura e umidade dos locais de trabalho devem ser mantidas dentro de limites convenientes para evitar prejuízos à saúde dos trabalhadores. Concretamente sobre tarefas a executar ao ar livre afirma-se que os trabalhadores que atuem expostos na parte externa dos edifícios devem estar protegidos contra a exposição excessiva ao sol e às intempéries.

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